02 maio Como lidar com a culpa materna?
Quem trabalha atendendo pessoas que acabaram de parir outro ser humano, escuta constantemente sobre a culpa. Mais comum e naturalizada ainda é o que se chama de culpa materna. Mas você já parou para pensar que essa sensação que geralmente aperta o peito pode estar sendo construída de mãos dadas com o patriarcado e com o machismo estrutural? Um tanto porque diante de qualquer desafio com uma criança é mais fácil dizer que “é culpa da mãe” do que olhar para o sistema familiar e para os amparos sociais. A culpa também fica mais forte quando somente a mãe é a responsável por todos os cuidados e decisões sobre os cuidados.
⠀
Outra reflexão importante que podemos fazer é: a culpa é uma emoção “autorizada”, já que reforça estruturas que ainda precisamos de tempo para desconstruir, certo? Então, preste atenção se ela não está acoplada a outras sensações e emoções. É muito comum que por baixo dessa culpa naturalizada e não questionada esteja a sensação de exaustão, raiva, medo… Todas as emoções precisam caber na experiência humana e por mais que o slogan “mãe é amor” venda mais produtos no dia das mães, não é só de amor que se constrói a parentalidade, e tudo bem.
⠀
Emoções expressas e acolhidas não “passam para o bebê”, o que dificulta a nossa vida é a a opressão que a culpa naturalizada ainda causa.
⠀
Texto de Maira Scombatti (@maira_scombatti) Psicóloga e facilitadora do Grupo de Powerperio da Lumos.