18 maio Cartão Postal, um texto sobre adaptação escolar e amizades
Hoje, é uma sexta-feira de comemoração. A copa do mundo nem chegou, muito menos as eleições, mas dentro de mim é puro Réveillon. Uma comemoração quase que secreta, sem muito alarde e nenhum confete, mas com um sabor delicioso.
Hoje comemoro o desempenho desta semana, destes 5 dias úteis, onde minha grandiosa filha de 2 anos não chorou ao nos despedirmos na escola. Hoje, quase 4 meses depois do início do ano letivo, completou o 5º ponto do meu gráfico mental, quase que indicando o tamanho do meu sorriso.
Passamos por muito choro, muito pedido de colo, muita conversa, muitos gritos, muitos questionamentos, muitas dúvidas, muitos testes, muita conversa, muita conversa mesmo.
Lá em fevereiro, quando começamos a adaptação nessa escola nova, pública, imensa (pra quem veio de uma escolinha de bairro), viva, livre e recheada de novidades, os choros pareciam um sinal óbvio de resistência à mudança.
A mudança era a escola nova, era o irmão novo, era a rotina nova.
Eu conheço muito bem a minha filha, a observo muito, e sei que ela é uma criança sociável, participativa, ativa e divertida. O problema pra ela era a despedida. O problema pra mim era deixar a minha menina chorando desesperadamente e ir embora (chorando também).
Dentro dessa situação que se estendia mais do que o esperado, a escola se posicionava de uma forma: – Despedidas longas a fazem sofrer. – Seja objetiva na despedida. – Diga tchau, às 17h eu volto pra te buscar. – Diga que tem que trabalhar. – Diga que a escola é um lugar só dela.
Eu dizia tudo isso, às 17h em ponto estava na porta da sala pra busca-la, mas nada melhorava. Tinha dia que parecia piorar.
Sugeri à escola que eu ficasse um tempo junto até ela se acalmar, pra fazermos essa despedida de uma maneira mais gentil, e quando fui autorizada, e coloquei em prática foi o pior dia de choro.
Então, um dia tirei fotos das mochilas dos amigos de turma. Cada mochila com o nome de seu dono. Decorei o nome de todos. Todos os dias perguntava pra ela sobre cada amigo, e cada professora. Perguntava coisas especificas de cada um.
Nesse meio tempo, recebi um vídeo de uma querida amiga minha, com a musiquinha “bom dia amiguinho como vai? Legal (com sinal de joinha)”, e inseri essa musiquinha no nosso percurso de chegada a escola. Ela ama essa música, cantamos o dia todo.
Essa semana, chegamos à escola, e as paredes da escada estavam decoradas com corujas. Cada coruja com a foto de um amigo. Os amigos dela. Ela também está lá. Subimos todos os dias dando bom dia pros amigos corujas.
Foi nessa semana também que uma amiga da sala, que estava há mais de um mês afastada por uma doença, retornou. E a minha menina a viu na sala, e entrou correndo pra abraçar a amiga. E foi assim, o primeiro dia que ela entrou sem chorar.
Hoje, o quinto dia dessa semana maravilhosa, a professora me disse que essa amiga é a bff da minha menina, que elas não se desgrudam. E aí eu entendi o segredo mágico dessa semana: quem tem amigos tem tudo <3
(porque Rita Lee e Paulo Coelho já falavam disso em 1982 no Fruto Proibido)
Texto escrito por Marília, arquiteta, mãe da Cecília de 23 meses e Raul de 6 meses, pacientes da Lumos.
Aproveitando esse assunto, dia 01/08/2018, inicio do segundo semestre letivo, a psicóloga Fe Lopes, fará um bate-papo sobre a adaptação dos pais às escolas.